Nos dias 29, 30 de Abril e primeiro de Maio, no Parque Ecológico de Araras-SP, rolou o aniversário de 14 anos do Sinistros Moto Clube, trazendo grandes atrações para a região. O evento contou com motociclistas e simpatizantes de todo o Brasil. O evento contou com uma enorme e diversificada grade de shows, e esse ano, contou com uma grande atração do Rock Nacional. A banda Velhas Virgens. Subindo no palco no dia 29, a banda fez, como sempre, um memorável show da turnê (essa, de despedida do nosso querido amigo Paulão) intitulada como “Garçons do Inferno”. O Mad & Mad – In Rock teve a honra e oportunidade mais uma vez de bater um papo com o Paulão, que contou um pouco sobre a banda, sua carreira, a despedida do Velhas Virgens e turnê “Garçons do Inferno”. Confiram.
Madame: Vocês estão na estrada comemorando os 30 anos da banda. Daqui a cinco anos já dá pra dar entrada no INSS com pedido de aposentadoria. Isso passa pela cabeça de vocês ou enquanto houver cerveja no balcão e um bando de desajustados pulando em frente ao palco a banda vai continuar?
Paulão: Eu gostaria muito de dar um tempo ao final desta turnê de 30 anos. Queria reavaliar este tempo todo, as composições, o discurso e descansar mesmo. Estou com 50 anos e a gente faz turnê após turnê pelo menos desde 98. E nossas turnês geralmente são emendadas uma nas outras, tipo, toca um show na quarta e na sábado estreia show novo e assim vai. Veja, esta é uma posição individual minha. Depende de um acerto com a banda. Somos parceiros e tudo é decidido em grupo. Tocar rock no Brasil é uma guerrilha. 50 horas de busão de quinta a domingo. Tenho 3 hérnias de disco.
Madame: “Garçons do Inferno” é a primeira coletânea da banda e serve de base para o show atual. Existe a possibilidade de o público ouvir alguma composição inédita ou vocês só vão pensar nisso na nova fase da banda depois do último show com a formação atual?
Paulão: Não penso em compor nada novo agora, apesar de ter muitas e muitas letras inéditas. Seria para agradar aos outros e não gosto de criar por encomenda. Quero curtir este repertório que é um resumo da nossa carreira. Depois, a gente vê depois.
Madame: Falando em nova fase, a saída do Paulão foi previamente anunciada dando a oportunidade da banda se programar para o futuro sem nenhum tipo de atropelo. Já existe um novo vocalista em vista? Quais os planos para esse novo momento do “Velhas Virgens”?
Paulão: Na verdade, não há planos e nem definições sobre isso. O assunto só será abordado quando terminar esta turnê comemorativa. Quem sabe todos tiraram férias? Acho que estamos todos precisando.
Madame: Uma característica dos shows da banda é a performance quase teatral entre o Paulão e a Juliana. Ao vivo acabou se transformando numa marca registrada. Vocês pretendem manter esse perfil de apresentação ou podemos esperar um Velhas Virgens totalmente repaginado?
Paulão: Não sei. Por isso preciso de tempo. Há vários planos antigos e interessantes. Discos temáticos. Mas o principal é não fazer as coisas automaticamente. Temos que eleger um discurso, mantendo o antigo ou inovando. E para isso é preciso um distanciamento, em minha opinião. Por isso, dar um tempo seria fundamental.
Madame: Paulão, você deixa a banda que tem a sua cara e uma legião de admiradores que vão sentir sua falta a frente do velhas. Você pretende tirar férias dos palcos ou vai redirecionar sua carreira como músico para um projeto diferente?
Paulão: Tenho vontade de compor de outra forma, dando prioridade para a massa sonora e não para as letras. Tenho vontade de experimentar fazer as coisas com outra receita. Mas, mais que tudo, tenho vontade de descansar, repensar, reavaliar. Serei músico enquanto viver e muito orgulhoso de tudo que produzo e produzi no Velhas Virgens. Gostaria de voltar a estudar saxofone. Quero um tempo pra ver o que fazer depois. Tenho feito muitos shows com gripe, como já fiz com dengue e é muito cansativo. Doloroso. Odeio subir no palco nestas condições. Mas os compromissos precisam ser cumpridos. Quero ter mais tempo para minha filha!
Madame: Trinta anos e milhares de cervejas depois o que não lhe falta são histórias e momentos especiais dentro e fora do palco. Quando você estiver sentado na varanda de sua casa degustando uma cerveja gelada e começar a recordar a vida no Velhas Virgens, qual a recordação mais marcante que você que lhe virá à memória?
Paulão: É que uns bebuns da garagem, completamente despretensiosos, fizeram uma banda sem a ajuda de ninguém, com um discurso politicamente incorreto, e conquistaram, á sua maneira, o Brasil. Sem abrir as pernas pra ninguém. Isso é revolução. A revolução da boemia!
Queríamos agradecer imensamente a toda equipe do Sinistros Moto Clube, que mais uma vez nos abriu as portas para estarmos presentes em seu aniverário, ao Afonso Ellero (parceiro desde o início do Mad & Mad) que nos ajudou a elaborar a entrevista, Claudia Padilha pelas fotos. E por falar em fotos, você pode conferir as fotos do evento nesse link para nossa página: https://www.facebook.com/madmadinrock/photos/?tab=album&album_id=1248651021836509